quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Sobre Isadora e a ética na internet


A visibilidade da página do Facebook criada pela estudante catarinense Isadora, de apenas 13 anos, tem rendido inúmeros comentários e discussões nas redes sociais. A luz do debate sobre a ética, que transpassam as relações sociais, podemos fazer algumas considerações.
Cabe salientar que a orientação feita pela escola à aluna é acertada, visto que de nenhuma forma os vídeos devem mostrar alunos, professores e/ou funcionários. Isto também é educar. Todos nós sabemos que é ilegal a participação de menores de 18 anos nas redes sociais, mas de fato não é isso o que ocorre. É também papel da escola educar para a ética, não só no âmbito das relações sociais, mas na sua extensão virtual.
O que julgo muito valioso em todo esse processo é o de haver preocupação com o aprender. Muito se fala em qualidade da educação, mas poucas são as iniciativas que se somam a dos professores em garantir um ambiente adequado para o processo de ensino aprendizagem. Atitude pelo qual a própria aluna foi criticada, visto que não consideravam as críticas como algo pertinente a alguém desta idade. Por que um estudante não pode se posicionar contrário aos eventos que atrapalham o rendimento escolar? Agora dizer que não se aprende porque há bagunça só pode ser resultado da alienação de algum professor? Não seria isto uma inversão de valores?
Além disso, não podemos culpar somente a escola se não há infraestrutura adequada. É preciso lembrar que as escolas públicas têm mantenedoras e estas têm a função de financiar as atividades. E os pais, por serem adultos e conhecedores dos seus direitos e deveres, têm maior responsabilidade ainda em fiscalizar, pois pagam os seus impostos e devem exigir uma educação de qualidade.
Entretanto, é preciso se questionar qual o local adequado para se reivindicar algo. O mais adequado não seria tentar resolver os problemas no âmbito das relações sociais? Por que jogar tudo na rede? O que não falta é aluno xingando o professor – dentro e fora das redes sociais. Os motivos são os mais diversos, tais como abrir a janela para ventilar a sala ou de atividades planejadas para que estes saiam do comodismo. Até a liberdade tem limites e eles são construídos socialmente. Não podemos nos esquecer disso.
É óbvio que a inquietação e a contestação dos jovens é normal. Estranho seria se assim não o fosse. Mas é preciso lembrar que não há liberdade para se falar tudo e em todos os espaços. Caso alguém insista nesta posição, pode sim ser penalizado. Não há nada de errado nisso. Filmar alguém sem seu consentimento é uma das penalidades passíveis de punição. Imagine se o professor faz o mesmo e filma os alunos.
A iniciativa da jovem de mostrar as incoerências do sistema educacional público brasileiro é louvável. No entanto, não podemos cair na armadilha da banalização. Nesta todos compartilham e curtem críticas, mas ninguém faz nada de concreto para mudar a situação. Afinal se isso resolvesse não haveriam crianças doentes, animais maltratados e nem fome no nosso planeta. É fundamental sair do mundo virtual e partir para o real, que está muito longe de ser tão belo quanto as fotos postadas depois do final de semana.